Este artigo de opinião foi produzido por Endy Márjory Reis de Souza Lima, aluna do 3º ano do ensino médio da Unidade Escolar João Ferry.
O texto foi desenvolvido a partir de uma série de oficinas coordenadas pela professora Marciane da Silva Mota sobre a produção de um artigo de opinião para concorrer nas Olimpíadas de Língua Portuguesa. O tema central da Olimpíada é “O lugar onde vivo”, por isso como o gênero trabalhado na referida série exige um posicionamento crítico-construtivo do autor, poderemos observar uma discussão bem fundamentada acerca da administração pública municipal da cidade de Agricolândia – Piauí.
Administração pública: a responsabilidade é de quem?
De acordo com o censo 2010 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o município de Agricolândia, localizado no interior do Piauí, possui 5.114 habitantes. Minha cidade recebeu esse nome devido às suas terras férteis, que eram e ainda são muito cultivadas pelos agricultores, terras estas que sempre deixam saudade em quem as visita. Conhecida por sua hospitalidade, Agricolândia é única entre tantas, cidade amiga e simples, como diz o poeta agricolandense Camilo Neto: “És a pureza das cidades do interior piauiense”.
Como em muitas cidades, ocorrem algumas falhas no setor administrativo, então surge a pergunta: será que a administração municipal de nossa cidade está boa? Que futuro está sendo semeado para ela?
Em minha opinião, nossa administração não está boa, pois não existe um compromisso em melhorar as condições de vida da população. Nossa cidade chegou num estado lamentável de decadência, sendo que o único crescimento que estamos presenciando é a negligência da administração para com a população.
Conforme uma enquete realizada por alguns estudantes do 3º ano do ensino médio, 90% dos entrevistados disseram que nossa administração não está boa, pois os políticos não se interessam em descobrir os problemas de nossa cidade, só pensam em si mesmos. Já os que disseram que a administração está boa, afirmaram que em relação aos pagamentos está perfeito, a saúde está ótima, tem atendimento odontológico todos os dias, só não está cem por cento porque o prefeito está ausente. Entretanto, há evidências de que há atraso salarial, o que não deveria ocorrer, porque o Governo Federal não atrasa ao repassar as verbas para as prefeituras. Quero deixar claro que saúde não é só odontologia, ao falarmos de saúde falamos de estrutura, o que o município não oferece e talvez seja por isso que estamos com um péssimo atendimento hospitalar. É clara a ausência do prefeito, mesmo sabendo que não pode ficar 15 dias fora do município, visto que é decretado pela legislação. Para evitar esse problema, ele deveria deixar o vice-prefeito no cargo, o que não ocorre.
Penso que uma boa administração se dá a partir do interesse em descobrir as necessidades do povo, das tentativas de suprir as carências de cada cidade e não de satisfazer meros caprichos. Segundo o vereador Caldinei de Freitas, a nossa administração não está boa “pois ainda faltam recursos para nossa cidade, de forma que o nosso povo tenha oportunidade de empregos. Mas para isso os nossos gestores têm que trazer recursos estaduais e federais, criar pequenas empresas, só assim a nossa cidade poderá iniciar sua evolução para o progresso”.
Do meu ponto de vista, os gestores devem fazer projetos de inclusão trabalhista, criando empregos que gerarão renda ao nosso município.
Alguns professores afirmaram que o descaso e o abandono estão grandes, pois o atendimento em relação ao lixo está muito precário, o rendimento na educação está baixo, a saúde deixa muito a desejar e não há iluminação pública adequada.
A coleta de lixo precária tem gerado muitas reclamações por parte da população. Um caso extremado disso foi o fato de um morador de nossa cidade ter colocado o seu lixo na porta da Prefeitura municipal como forma de protesto. Devemos lembrar que todo protesto é válido, mas também que a Prefeitura é um órgão público, ou seja, ele poderia ter danificado o nosso próprio patrimônio.
Pessoalmente acho que a educação é a solução para vários problemas, entre eles o problema da desigualdade social, mas o IDEB/2012 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de nosso município não subiu. Isso mostra que a nossa educação também não está progredindo.
Como prova do mau uso das verbas públicas, temos uma creche inacabada e um conjunto residencial que deveria estar com calçamento. Por que não aplicar as verbas públicas nas devidas necessidades?
É indiscutível o fato de que a má administração é consequência das nossas próprias escolhas, ou seja, a culpa também é nossa. O voto consciente é muito importante para o futuro da população, mas também é preciso, sobretudo, que seja fortalecida a cultura de participação, de informação e de controle sobre as autoridades públicas.
Enfim, além de um gestor com valores éticos e morais, uma boa administração é feita com o fim da corrupção e ela se encerra por meio do controle do poder pelo povo, que deve acompanhar de perto a ação dos políticos, antes, durante e depois das eleições. Uma solução para a má administração de nossa cidade seria a participação populacional através do Orçamento Participativo, como acontece em algumas prefeituras gaúchas. Assim o povo poderia dar a sua opinião sobre as prioridades de cada região da cidade, tendo o direito e o poder de determinar quando, como e onde o dinheiro público seria aplicado. Devemos lembrar também que o povo deve estar consciente ao escolher seu futuro administrador e lembrar também aos gestores que concedemos a oportunidade de eles estarem no poder através do nosso direito que é o voto, e é através desse direito que exigimos o resultado dos deveres deles. Afinal, a ação e a participação de todos são indispensáveis na construção da verdadeira democracia.